sexta-feira, 23 de outubro de 2009

O louco das ruas

Em uma sacola plástica está uma toalha, uma camiseta surrada, um lenço velho.

Dormia tranquilo quando foi surpreendido por um policial militar que o puxou pelos braços. Deu tempo de pegar a sacola.

Foi jogado em um ônibus e lá encontrou muitos iguais a ele. Cinco ou seis minutos depois desceram em um lugar em que todos os esperavam.

Reviraram suas coisas. O obrigaram a tomar um banho gelado.
Ele gritava para quem quisesse ouvir “O que é isso? Não posso sair na rua agora?”.

Comeu um lanche de pão francês com presunto e queijo e um copo d’água.

Olhou lá fora e descobriu que uma chuva forte caia sob a cidade.
-- Ta vendo só? Molhou tudo agora! Molhou tudo! Vocês vão me dar outro cobertor? Quem vai me dar?

Um trabalhador que passa e vê a cena diz “Coitado, este aí é louco”.
Ele não sabe que a loucura é sua arma. Sua arma contra o que há de pior neste mundo: a maldade do ser humano.

Sendo louco não é bandido, não é ladrão, não é marginal. Sendo louco é apenas alguém sem nenhuma forma de lucidez, que não se importa em viver na rua.

E sendo louco se torna invisível nas ruas. Invisível a todos nós que não enxergamos nada além do nosso próprio mundo.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Olá galera


Hoje entrei no blog e fiquei bem contente em saber que bastante gente passou por aqui. Muito obrigada pelos comentários e elogios!

Este post será dedicado a comentar os recados deixados. Vamos lá!

Pra começar acho importante repetir o que eu disse no primeiro texto que publiquei por aqui. Com este blog tenho o objetivo de transcrever minhas idéias, das mais bobas às mais complexas, sobre qualquer assunto.

Ainda estou me adaptando a este universo de blogs e por isso vocês puderam notar que a atualização por aqui ainda está péssima. Mas já prometi a alguns amigos que vou me empenhar a atualizar, ao menos, algumas vezes na semana. Pretendo cumprir!

No meu último post me aventurei a opinar sobre a lei antifumo e isso gerou uma discussão bem bacana. Obviamente e felizmente cada um tem uma opinião diferente sobre o tema, mas acho que ela não deve se perder em conclusões descabidas sobre a personalidade das pessoas.

Acredito que meu texto, de forma alguma, permite tirar conclusões de que eu seja uma pessoa da “elite” ou uma “patricinha” como alguns comentaram. Também não dá a possibilidade de concluir que eu seja a favor de um governo repressor, de políticos que tentam controlar a sociedade ou qualquer coisa parecida.

Muito pelo contrário, tenho certeza de que a ditadura militar foi um dos períodos mais sujos e vergonhosos da história deste País. Tanto acredito que meu trabalho de conclusão de curso da faculdade de jornalismo é um vídeo-documentário que apresenta a história de ex-militantes dos movimentos contrários à ditadura e que sofreram perseguição e foram presos e torturados pelos militares.

Inclusive, aproveito a deixa para dizer que, para aqueles que se interessarem, o documentário será exibido em breve pela TV Cultura e em um próximo post confirmarei a data e horário da exibição.

Mas voltando à discussão, eu sinceramente não acredito que a lei antifumo seja a solução de todos os problemas. O cigarro é, para mim, uma pedra no sapato. E como dizem, o buraco é bem mais embaixo e aí entra a questão de fabricantes.

Porém eu considero a lei um passo a mais. Fumantes não deixaram de ser fumantes, é claro. Quem quer fumar poderá fumar. Porém, para pessoas como eu que não toleram a fumaceira, este é um avanço, pois não precisaremos mais engolir a fumaça alheia que só nos faz mal.

Acho que a discussão dessa lei deveria se prender mais à questão da saúde. E acho difícil alguém me dizer que o cigarro traz benefícios neste sentido.

Por fim, quero agradecer novamente as visitas e opiniões. Para quem gostou, peço que volte sempre para ler e comentar. E aos que não gostaram também, quem sabe não encontram algo legal de vez em quando, não é?! Também agradeço a quem disse que vai indicar para amigos! Muito bacana mesmo!

E gostaria de saber do Juscelino qual foi a comunidade em que ele encontrou a indicação do blog, quero conhecer!

Beijos e abraços a todos! E até breve.

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Sem cigarro

Hoje fui a um bar com duas amigas e me lembrei que ainda não comentei nada sobre a Lei Antifumo. Acho que esta foi uma das melhores "invenções" dos últimos tempos. Acho não, tenho certeza!

Está sendo incrível. Agora, depois de dedicar cerca de uma hora me arrumando para sair de casa, o que envolve tomar banho, lavar os cabelos, secar os cabelos, passar perfume, posso ter o prazer de voltar para casa do mesmo jeito!

Não há coisa mais abominável para mim do que me arrumar e quando coloco o pé pra fora de casa, alguém destruir tudo! Sim, porque eu sou uma pessoa muito ligada a cheiros.

Não gosto nem de passar pela cozinha quando estão preparando algo porque acho que os odores "grudam" nas roupas, no cabelo, na pele. Imaginem só o meu desespero com o cigarro então.

A nova lei demorou para chegar. Mas antes tarde, que mais tarde ainda! Já era hora de proibir essa festa da fumaça!

Eu sinceramente comecei a me irritar tanto com os cigarros alheios que criei uma resistência profunda a fumantes. Veja bem...estou eu tranquila no meu canto. Eis que chega um ser humano, acende um cigarro - contra o vento, é claro - e estaciona ao meu lado.

Será que todo fumante é egoísta quanto os que passam por mim? O que faz uma pessoa achar que soprar a fumaça com a boca torta faz com que ela não atinja quem está ao lado? E o que faz alguém achar que esticar o braço próximo a uma janela faz a fumaça simplesmente evaporar da superfície da terra?

E por fim, o que faz uma pessoa pensar que simplesmente o resto do mudo precisa conviver com o seu vício?

Eu uma vez ouvi uma amiga dizer que estavam tirando uma liberdade das pessoas. Em seguida eu perguntei a ela se a minha opção de não fumar fazia mal a saúde dela. Obviamente que não.

Agora, a "liberdade" de fumantes nos importunarem com a suas fumaças mau-cheirosas faziam mal a todos nós, e neste caso, não dá para discutir liberdades!

Por favor, né?

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Você conhece alguém assim?


A cada dia que passa vejo que sou mais intolerante e percebo que as pessoas se tornam cada dia muito mais intolerantes umas com as outras. Isso tem me preocupado.


Por que será que vamos ficando assim com o passar dos anos? Será que quanto mais avançamos no tempo, mais defeitos nos aparecem?


Tenho pensado sobre mim e sobre as pessoas que conheço.


Por que será que achamos correto fazer uma coisa até o momento em que outro faz – e por consequência nos incomoda – e aí dizemos que isso é errado? Por pura intolerância....

Nos achamos donos da razão e quando outra pessoa também age assim...damos uma de intolerante e não aceitamos de forma alguma.

Acho que a intolerância nos faz ter menos alegria de viver. E pessoas sem alegria de viver...eu não tolero.

Melhor dizendo...neste momento estou criando novas intolerâncias....mas acho que elas fazem bastante sentido. Não aguento mais descobrir pessoas que querem tudo mas não fazem nada....que se dizem vítimas do mundo...mas odeiam o drama alheio.

Existem aqueles que querem encontrar um novo amor...ou somente 'um amor' mas não querem conhecer pessoas, não querem se abrir a novas descobertas e dizem que o problema está nos homens – ou nas mulheres. Ou então se prendem ao passado – que como a própria palavra diz por si só – já foi.

Também vejo muito aquelas pessoas que passam o dia pensando o quanto odeiam suas vidas, o quanto querem o que não tem, ou o que é dos outros. Essas pessoas em especial me incomodam mais. Se não gosta do seu trabalho, procure outro. Se não gosta do companheiro acabe a relação antes que ela acabe mais ainda com você. E se acha que tudo em sua vida está errado, talvez seja o momento de se iniciar a mudança pela personagem principal desta história: você mesmo.

Outros acreditam que as pessoas tem a obrigação de se adaptar ao seu modo de vida, às suas idéias, suas ideologias. E então eu me pergunto, porque a sua verdade é melhor que a minha? Porque somos intolerantes demais para aceitar um ao outro.

Eu, ao longo dos últimos dias e meses, criei profunda intolerância a pessoas intolerantes! E não há nada que me faça mudar de idéia.

Bom...com certeza este post se encaixa naquela velha história.. .“é o rasgado falando do remendado”...Posso até estar ficando parecida com elas de alguma forma...mas já me decidi que não tolero mais!

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Michael Jackson

Incrível como uma infância problemática pode deixar marcas para uma vida toda. O Michael Jackson é o maior exemplo disso. Não me lembro de ter visto nada igual. Com o falecimento dele, na última semana, pude parar pra pensar nisso.

Pra ser muito sincera eu nunca fui fã do MJ. Não porque não gosto das músicas dele, mas sim porque nunca tive essa influência musical dentro de casa, nem na infância e nem na adolescência.

De qualquer forma, o fato foi que dois ou três dias após a morte dele, liguei a televisão e um canal - que não me lembro qual - estava exibindo um documentário sobre a vida dele, feito por um jornalista que passou um mês ao lado do cantor.

Neste momento caí totalmente fora da minha alienação no assunto Michal Jackson e me interessei em entender a figura de um cantor importantíssimo para a história da música, com um talento indiscutível, que viu sua vida virar um espetáculo de horrores.

Fiquei impressionada em perceber que ele, com quase 50 anos na época do documentário, era mesmo uma criança em um corpo adulto. Ele agia como criança, falava como criança e tinha um inocência esquesita, mas quase como a de uma criança.

Realmente isso me deixou paralisada por alguns segundos e me deu uma tristeza - mesmo não sendo uma seguidora - em saber que mesmo diante de tantas conquistas, ele nunca foi feliz de fato.

Foi como aquela senhora que trabalhou com ele - aquela que deu entrevista para o Fantástico do último domingo - disse: ele tinha alegrias mas a tristeza era algo tão maior que não se via sinais de felicidade.

Bom, talvez agora ele tenha um pouco da paz que não encontrou em nenhum momento da vida.

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Estive pensando...


Engraçado como a nossa relação com a morte vai mudando ao longo da vida.

Quando somos crianças morremos de rir, morremos de tanto brincar e morremos de comer besteiras.

O tempo vai passando e quando nos aproximamos da adolescência morremos por um amor não correspondido, morremos para ir a uma festa em que todos estarão e morremos por tantas outras bobagens das quais damos risada hoje.

Um tempo depois – quando somos jovens demais para muitas coisas e velhos demais para tantas outras – começamos a ouvir que o tio de uma amiga morreu, o avô de outra também. Mas com a gente essas coisas parecem não acontecer. Um doce engano.

De uma hora para outra é a nossa vez de encarar que a morte está tão presente a nossa volta quanto a vida.

E quando percebemos isso, já é tarde. Tarde para uma última conversa, um último abraço, um último beijo.

Eu particularmente prefiro acreditar que a morte não é o fim da vida. Prefiro encará-la apenas como o fim de uma etapa. Pode ser apenas um consolo, mas acalma o coração imaginar que no futuro vamos reencontrar estas pessoas que já não estão mais aqui.



Não chore a morte
A morte não existe
Não chore o fim
Ele ainda não chegou
Também não chore a falta
Chore apenas a saudade
Esta não há como curar
Mas não esqueça de sorrir
Sorrir às lembranças
Elas não morrem nunca



* Hoje, dia 25 de junho, seria aniversário do meu pai que faleceu no dia 25 de fevereiro de 2005.

terça-feira, 23 de junho de 2009

Pra Começar

Em um país em que a boa educação poderia ser a solução de muitos problemas sociais, instalou-se a apologia à não necessidade dos estudos.

Acabo de me formar jornalista e meu diploma já vale o mesmo que o jornal de ontem, absolutamente nada.

Nem mesmo estou com meu certificado nas mãos e ele já perdeu seu valor antes mesmo de eu poder vê-lo com a satisfação de ter concluído os quatro anos do curso de jornalismo. E pior que isso, alguns estão comemorando!

Incrivelmente temos um ministro que votou contra a obrigatoriedade do diploma de jornalista e ainda fez comparações do tipo "não é porque um chef de cozinha faz curso que toda comida do país precisa ser feita por um". A revista Veja não só concorda com o ministro como também diz que sua frase foi "brilhante".

Agora qualquer cidadão pode fazer o trabalho do jornalista. E acreditam que isso é liberdade. Será que eu jornalista, posso também escolher atuar como tantos outros profissionais sem precisar me aperfeiçoar para isso? Nada mais justo.

Acredito fielmente que cada pessoa tem vocações diferentes das outras. Acredito que todo mundo é capaz de exercer inúmeras funções brilhantemente. Mas não acredito que abolir a obrigatoriedade de um diploma possa trazer ganhos para a sociedade, mesmo que muitos "não diplomados" tenham habilidade para trabalhar como jornalista.

Ter um diploma é mais que receber um canudo ao final de uma faculdade. Ter um diploma significa dedicação, busca pelo conhecimento, busca pelo aperfeiçoamento. E tenho certeza que o incentivo aos estudos, seria sim, um grande ganho para o Brasil.

Com a decisão do Supremo Tribunal Federal, dada no último dia 17 de junho, eu perdi um pouco mais das esperanças que ainda tinha no Brasil!

Enfim, sejam bem vindos ao blog que acabo de iniciar. Sou Marisa de Oliveira, jornalista por formação. Este é o blog Peripécias Literárias, e aqui vou postar textos com muitas das idéias que passam pela minha cabeça diariamente.